sábado, 19 de dezembro de 2009

O tempo já não se perde por aí.

Eu pude respeitar todos teus caprichos. Fui a favor dos teus defeitos, realizei vários de teus sonhos. Mudei certas frases, esqueci de certos erros, quis que você decorasse meus olhos. Disfarcei minhas lágrimas, exagerei nos cuidados, te olhava de longe, te gostava de perto. Eu sei que fiz direito e sei que você notou. Não era tarde para saber dos sentimentos e mesmo com tantas histórias eu resisti meus medos e fingi estar gostando de tudo. Os dias acordavam preguiçosos e a vida passava com olhos de lobos famintos. É difícil entender todo o azul do céu, todo movimento da cidade e é difícil olhar as estrelas sem lembrar de você.

Mayara, 19 de dezembro de 2009

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Já não sei ao certo o que encontro em mim. Nem sempre sorrisos, nem sempre a vontade, mas a busca incansável por respostas feitas, e a luta que persiste em frente vocês. Desejo que caiam todas as flores quando te encontrar perto de mim e que você saiba aquilo que nem eu sei. Porque aqueles que amam já não calam, exigem! Hoje só quero descobrir quem eu sou, para depois odiar cada pedaço e juntar aqueles que você acha melhor em mim.

E tantas foram as ofensas daquilo que disse. Ou às vezes, por sequer pronunciar algo. Há dias em que as palavras não devem ser ditas, e quando ditas, apagadas. Por que não guardam consigo palavras doloridas? Acham sempre que estão propondo ajuda; auxílio falso, cheio de mágoas, como se eu não soubesse do jeito que olham meus defeitos.

Então, me motive tantas perguntas. Não vês que prefiro estar em silêncio? Este silêncio errado, que denuncia a angústia amarga de não ter um motivo para estar triste. E se o tivesse, não ficaria em silêncio. Aí, te mataria em palavras. E assistiria as palavras concretas que me diria em seguida. Para a todo o momento fingir que não dou à mínima.

Estou a me libertar dos dias ruins, voltando a usar aquele sorriso falso que emprestei de alguém. Se o quiseres de volta, estampe em mim um verdadeiro, como as plantas que esperam a terra fértil para florir.

Mayara Cristina Pereira, 08/10/09.

domingo, 27 de setembro de 2009

Se é que amamos alguém

O mundo que foge e me afoga.E se não conseguisse fugir, então conseguisse infiltrá-lo. Para entender o que me acontece nesses dias ruins, talvez nem queira me afogar, na verdade buscaria outras pessoas para que nadassem junto a mim. Ensinaria cada braçada e iria carregá-las nos primeiros metros e depois me abandonariam.

Já que tudo na vida é abandono. Um abandono diário daquilo que já se foi. Um abandono das pessoas que precisaram de ajuda, e das que detestaram cada palavra minha. Por que no fundo a gente busca o abandono, principalmente daqueles que amamos. Se é que amamos alguém.


Mayara Cristina Pereira, 27/09/09


terça-feira, 8 de setembro de 2009

Homenagem ao escritor

Pe. Antônio Vieira – O sermão do Mandato

Trata-se de uma prosa que me agrada muito, Antônio Vieira assim como Camões (nas poesias) sugere uma definição ou explicação ao “amor”. Faz uso do conceptismo, que é um jogo de idéias (conceitos) que constrói um raciocínio lógico.Apresenta-se com grifo frases que me chamam mais a atenção.

“Pinta-se o amor sempre menino, porque ainda que passe dos sete anos, como o de Jacob, nunca chega à idade de uso da razão. Usar de razão e amar, são duas cousas que não se juntam. A alma de um menino que vem a ser? Uma vontade com afetos e um entendimento sem uso. Tal é o amor vulgar. Tudo conquista o amor, quando conquista uma alma; porém o primeiro rendido é o entendimento. Ninguém teve a vontade febricitante, que não tivesse o entendimento frenético. O amor deixará de variar, se for firme, mas não deixará de tresvariar se é amor. Nunca o fogo abrasou a vontade, que o fumo não cegasse o entendimento. Nunca houve enfermidade no coração, que não houvesse fraqueza no juízo. Por isso os mesmos pintores do amor lhe vendaram os olhos. E como o primeiro efeito ou a última disposição do amor, é cegar o entendimento, daqui vem que isto que vulgarmente se chama amor tem mais partes de ignorância; e quantas partes tem de ignorância, tantas lhe faltam de amor.(Vieira, A. Sermão do Mandato, 1645)

“Cegue-nos, trevarie-nos, enlouqueça-nos, nos faça só amor” 08/09/2009

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Felicidade

A felicidade é o avesso, um pulo travesso, que a cada dia, a cada sol reparte o mundo em coisas boas. A felicidade que a gente cria, a gente inventa pra sobreviver, e as tardes tristes que ficaram para trás fazemos de tudo para esquecer.

Felicidade é aquilo que existe, é a flor que nasce e morre, mas quando morre se abriga na terra para que outras flores cresçam. E elas nem sempre crescem.

O tempo é a felicidade, aquele tempo que carrega as coisas ruins assim como as boas. Tempo que a gente regressa; que a gente espera tedioso; que a gente brinca em demorar. Tempo que decide tudo e não pensa em adiar.

Que as coisas boas sejam levadas pelo tempo, assim como uma borboleta bela que só vive vinte e quatro horas. Que nas coisas ruins percebamos a beleza de cada borboleta.

A verdade é a felicidade; a verdade em estar errado; a verdade em sofrer noites de amor; a verdade de sorrir mesmo dentro do pior caminho; a verdade de não saber o que é verdade; de criar a verdade em busca de felicidade.

E assim até a mais breve eternidade ...

Mayara Cristina Pereira 03/09/09

Tão correto e tão bonito! O infinito é realmente um dos deuses mais lindos...” Renato Russo

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Campos pra se guardar

Os dias eram mais rápidos, cada vez mais sem sentido. Talvez até existisse algum sentido, mas minha porta estava vazia, a rua estava quieta, a lua voltava todo dia escura .. para um canto que eu não pudesse ver.

Enquanto caminhava de volta para casa naquela noite tremenda, corriam em meus pensamentos lembranças de tempos atrás. Tempos de descobertas e de histórias que certamente não viverei novamente. E as vezes nem faço questão de viver.

Era uma tarde iluminada, cheia de cor. Parecia até que o sol escolhera a hora certa para brilhar. Estávamos em três ou quatro pessoas, carregávamos um litro de vinho ou algo parecido. Queríamos encontrar algum lugar quieto. E aquela paisagem era de arrepiar. Eram campos abertos de grama puramente verde, e um riacho cercado de areias de várias cores, como argilas coloridas.

De tanta cor, perdia a minha visão, tonteava os olhos de tanto verde. Descobria tamanha grandeza de uma mãe indefesa chamada natureza. E aquele ar puro fazia transbordar a amizade que tinha ao meu lado. Sorríamos todos e sem exitar entramos no riacho. Brincávamos felizes como se estivéssemos subordinados por aquela água fria e corrente.

Eu sabia que éramos amigos, mas não sabia até que ponto. Era diferente ali, nos outros dias eles queriam me deixar ao canto, aproveitavam de sorrisos sinceros, usavam de uma boa vontade. Por que ali era diferente?

Só sei que depois do pôr-do-sol voltamos pra casa, e no caminho vim pensando no dia seguinte. Tudo voltaria ao normal, e a gente acaba aceitando que a felicidade é feita de flashs. Mas dormir lembrando da cor que ficara nos meus olhos, do cheiro de flor, da gota que cai. Já não queria viver o dia seguinte. Voltei aos campos, aqueles sim, verdadeiros amigos.

Mayara Cristina Pereira 04/08/2009.


"E destes dias tão estranhos, fica a poeira se escondendo pelos cantos. Este é o nosso mundo:
O que é demais nunca é o bastante, e a primeira vez é sempre a última chance. Ninguém vê onde chegamos!" Renato Russo.

"És parte ainda do que me faz forte. E, pra ser honesto, só um pouquinho infeliz." Renato Russo.


LEIA "APENAS UM SEGUNDO" MINHA POSTAGEM DO DIA 14 DE MARÇO!

domingo, 12 de julho de 2009

Olhos carentes

As vezes eu fico pensando em nós e com a noite que cai, sinto um desespero que aprofunda. Você me vêm como algo invisível, distante e existente só nos meus sonhos.
Sonhos bons esses, quietos, cheios de graça. Que duram tornando o tempo lindo, limpo, claro e depois se acaba, fechando o rio da imaginação com uma gota de perda.
Perda do inconcreto, do inexistente , de algo que só é perfeito porque é ireal.Ireal como a claridade na noite mais triste, da procura da felicidade que por ironia foi dobrada e guardada no meu bolso.
Eu não sei se minto pra me divertir, ou se me divirto porque minto. Minto para mim, pros olhos carentes que só cogitam um brilho quando pensam em ti. E pensam em ti o tempo todo.
Hoje eu acordei cedo, vi no céu o que jamais havia visto. Entre as nuvens sorridentes e a luz que me tornava cega, vi meu coração. Ele se formou uniforme, concreto. Meu coração roubado que eu acabo de descobrir que é feito de algodão.
Da verdade careta que eu inventei pra mim, eu só me lembro de uma frase. Aquela que me faz perceber tamanha caretisse. A frase dizia que seria pra sempre "como a estrela que não pára de brilhar até o último minuto de vida ", então concordei com a observação "a verdade alegra aos que amam."
Logo depois me perguntei se realmente te amo. Ou será que esse amor só se tornou essa mentira porque cogita os olhos tristes? Sinto falta do tempo que sabia por quem meus olhos brilhavam.
Mas agora eu discuto como o céu, pergunto se foi ele que roubou meu coração. Ele me responde com um sopro forte de vento, a luz aumenta e meu coração vai se disfazendo, se juntando com outras nuvens que não me pertencem.
E forço a lágrima da perda barrar o rio da imaginação. E em um silêncio só meu cogito o mesmo brilho, sem pensar em ti. Entre os sons do meu pensamento ouço no rádio a voz de Cazuza...
"O seu amor é uma mentira que a minha vaidade quer." E hoje você sopra o vento e destroe o que nunca existiu e continua a não existir. Mas a vaidade dos meus olhos pede ao rio que cogite o brilho.
Hoje acordei cedo, não existe sequer uma nuvem no céu.