terça-feira, 8 de setembro de 2009

Homenagem ao escritor

Pe. Antônio Vieira – O sermão do Mandato

Trata-se de uma prosa que me agrada muito, Antônio Vieira assim como Camões (nas poesias) sugere uma definição ou explicação ao “amor”. Faz uso do conceptismo, que é um jogo de idéias (conceitos) que constrói um raciocínio lógico.Apresenta-se com grifo frases que me chamam mais a atenção.

“Pinta-se o amor sempre menino, porque ainda que passe dos sete anos, como o de Jacob, nunca chega à idade de uso da razão. Usar de razão e amar, são duas cousas que não se juntam. A alma de um menino que vem a ser? Uma vontade com afetos e um entendimento sem uso. Tal é o amor vulgar. Tudo conquista o amor, quando conquista uma alma; porém o primeiro rendido é o entendimento. Ninguém teve a vontade febricitante, que não tivesse o entendimento frenético. O amor deixará de variar, se for firme, mas não deixará de tresvariar se é amor. Nunca o fogo abrasou a vontade, que o fumo não cegasse o entendimento. Nunca houve enfermidade no coração, que não houvesse fraqueza no juízo. Por isso os mesmos pintores do amor lhe vendaram os olhos. E como o primeiro efeito ou a última disposição do amor, é cegar o entendimento, daqui vem que isto que vulgarmente se chama amor tem mais partes de ignorância; e quantas partes tem de ignorância, tantas lhe faltam de amor.(Vieira, A. Sermão do Mandato, 1645)

“Cegue-nos, trevarie-nos, enlouqueça-nos, nos faça só amor” 08/09/2009

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