domingo, 27 de setembro de 2009

Se é que amamos alguém

O mundo que foge e me afoga.E se não conseguisse fugir, então conseguisse infiltrá-lo. Para entender o que me acontece nesses dias ruins, talvez nem queira me afogar, na verdade buscaria outras pessoas para que nadassem junto a mim. Ensinaria cada braçada e iria carregá-las nos primeiros metros e depois me abandonariam.

Já que tudo na vida é abandono. Um abandono diário daquilo que já se foi. Um abandono das pessoas que precisaram de ajuda, e das que detestaram cada palavra minha. Por que no fundo a gente busca o abandono, principalmente daqueles que amamos. Se é que amamos alguém.


Mayara Cristina Pereira, 27/09/09


terça-feira, 8 de setembro de 2009

Homenagem ao escritor

Pe. Antônio Vieira – O sermão do Mandato

Trata-se de uma prosa que me agrada muito, Antônio Vieira assim como Camões (nas poesias) sugere uma definição ou explicação ao “amor”. Faz uso do conceptismo, que é um jogo de idéias (conceitos) que constrói um raciocínio lógico.Apresenta-se com grifo frases que me chamam mais a atenção.

“Pinta-se o amor sempre menino, porque ainda que passe dos sete anos, como o de Jacob, nunca chega à idade de uso da razão. Usar de razão e amar, são duas cousas que não se juntam. A alma de um menino que vem a ser? Uma vontade com afetos e um entendimento sem uso. Tal é o amor vulgar. Tudo conquista o amor, quando conquista uma alma; porém o primeiro rendido é o entendimento. Ninguém teve a vontade febricitante, que não tivesse o entendimento frenético. O amor deixará de variar, se for firme, mas não deixará de tresvariar se é amor. Nunca o fogo abrasou a vontade, que o fumo não cegasse o entendimento. Nunca houve enfermidade no coração, que não houvesse fraqueza no juízo. Por isso os mesmos pintores do amor lhe vendaram os olhos. E como o primeiro efeito ou a última disposição do amor, é cegar o entendimento, daqui vem que isto que vulgarmente se chama amor tem mais partes de ignorância; e quantas partes tem de ignorância, tantas lhe faltam de amor.(Vieira, A. Sermão do Mandato, 1645)

“Cegue-nos, trevarie-nos, enlouqueça-nos, nos faça só amor” 08/09/2009

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Felicidade

A felicidade é o avesso, um pulo travesso, que a cada dia, a cada sol reparte o mundo em coisas boas. A felicidade que a gente cria, a gente inventa pra sobreviver, e as tardes tristes que ficaram para trás fazemos de tudo para esquecer.

Felicidade é aquilo que existe, é a flor que nasce e morre, mas quando morre se abriga na terra para que outras flores cresçam. E elas nem sempre crescem.

O tempo é a felicidade, aquele tempo que carrega as coisas ruins assim como as boas. Tempo que a gente regressa; que a gente espera tedioso; que a gente brinca em demorar. Tempo que decide tudo e não pensa em adiar.

Que as coisas boas sejam levadas pelo tempo, assim como uma borboleta bela que só vive vinte e quatro horas. Que nas coisas ruins percebamos a beleza de cada borboleta.

A verdade é a felicidade; a verdade em estar errado; a verdade em sofrer noites de amor; a verdade de sorrir mesmo dentro do pior caminho; a verdade de não saber o que é verdade; de criar a verdade em busca de felicidade.

E assim até a mais breve eternidade ...

Mayara Cristina Pereira 03/09/09

Tão correto e tão bonito! O infinito é realmente um dos deuses mais lindos...” Renato Russo