segunda-feira, 13 de julho de 2009

Campos pra se guardar

Os dias eram mais rápidos, cada vez mais sem sentido. Talvez até existisse algum sentido, mas minha porta estava vazia, a rua estava quieta, a lua voltava todo dia escura .. para um canto que eu não pudesse ver.

Enquanto caminhava de volta para casa naquela noite tremenda, corriam em meus pensamentos lembranças de tempos atrás. Tempos de descobertas e de histórias que certamente não viverei novamente. E as vezes nem faço questão de viver.

Era uma tarde iluminada, cheia de cor. Parecia até que o sol escolhera a hora certa para brilhar. Estávamos em três ou quatro pessoas, carregávamos um litro de vinho ou algo parecido. Queríamos encontrar algum lugar quieto. E aquela paisagem era de arrepiar. Eram campos abertos de grama puramente verde, e um riacho cercado de areias de várias cores, como argilas coloridas.

De tanta cor, perdia a minha visão, tonteava os olhos de tanto verde. Descobria tamanha grandeza de uma mãe indefesa chamada natureza. E aquele ar puro fazia transbordar a amizade que tinha ao meu lado. Sorríamos todos e sem exitar entramos no riacho. Brincávamos felizes como se estivéssemos subordinados por aquela água fria e corrente.

Eu sabia que éramos amigos, mas não sabia até que ponto. Era diferente ali, nos outros dias eles queriam me deixar ao canto, aproveitavam de sorrisos sinceros, usavam de uma boa vontade. Por que ali era diferente?

Só sei que depois do pôr-do-sol voltamos pra casa, e no caminho vim pensando no dia seguinte. Tudo voltaria ao normal, e a gente acaba aceitando que a felicidade é feita de flashs. Mas dormir lembrando da cor que ficara nos meus olhos, do cheiro de flor, da gota que cai. Já não queria viver o dia seguinte. Voltei aos campos, aqueles sim, verdadeiros amigos.

Mayara Cristina Pereira 04/08/2009.


"E destes dias tão estranhos, fica a poeira se escondendo pelos cantos. Este é o nosso mundo:
O que é demais nunca é o bastante, e a primeira vez é sempre a última chance. Ninguém vê onde chegamos!" Renato Russo.

"És parte ainda do que me faz forte. E, pra ser honesto, só um pouquinho infeliz." Renato Russo.


LEIA "APENAS UM SEGUNDO" MINHA POSTAGEM DO DIA 14 DE MARÇO!

domingo, 12 de julho de 2009

Olhos carentes

As vezes eu fico pensando em nós e com a noite que cai, sinto um desespero que aprofunda. Você me vêm como algo invisível, distante e existente só nos meus sonhos.
Sonhos bons esses, quietos, cheios de graça. Que duram tornando o tempo lindo, limpo, claro e depois se acaba, fechando o rio da imaginação com uma gota de perda.
Perda do inconcreto, do inexistente , de algo que só é perfeito porque é ireal.Ireal como a claridade na noite mais triste, da procura da felicidade que por ironia foi dobrada e guardada no meu bolso.
Eu não sei se minto pra me divertir, ou se me divirto porque minto. Minto para mim, pros olhos carentes que só cogitam um brilho quando pensam em ti. E pensam em ti o tempo todo.
Hoje eu acordei cedo, vi no céu o que jamais havia visto. Entre as nuvens sorridentes e a luz que me tornava cega, vi meu coração. Ele se formou uniforme, concreto. Meu coração roubado que eu acabo de descobrir que é feito de algodão.
Da verdade careta que eu inventei pra mim, eu só me lembro de uma frase. Aquela que me faz perceber tamanha caretisse. A frase dizia que seria pra sempre "como a estrela que não pára de brilhar até o último minuto de vida ", então concordei com a observação "a verdade alegra aos que amam."
Logo depois me perguntei se realmente te amo. Ou será que esse amor só se tornou essa mentira porque cogita os olhos tristes? Sinto falta do tempo que sabia por quem meus olhos brilhavam.
Mas agora eu discuto como o céu, pergunto se foi ele que roubou meu coração. Ele me responde com um sopro forte de vento, a luz aumenta e meu coração vai se disfazendo, se juntando com outras nuvens que não me pertencem.
E forço a lágrima da perda barrar o rio da imaginação. E em um silêncio só meu cogito o mesmo brilho, sem pensar em ti. Entre os sons do meu pensamento ouço no rádio a voz de Cazuza...
"O seu amor é uma mentira que a minha vaidade quer." E hoje você sopra o vento e destroe o que nunca existiu e continua a não existir. Mas a vaidade dos meus olhos pede ao rio que cogite o brilho.
Hoje acordei cedo, não existe sequer uma nuvem no céu.