sexta-feira, 12 de março de 2010

Fugir

Fingir que está tudo bem, arriscar na mesma falsidade que mantive comigo esses anos. Não que não esteja feliz, mas meu sorriso ainda engana a quem não desvenda meus medos. A verdade é que me prendo em uma solidão criada, sem propósito, sem vontade; acredito em não acreditar em ninguém, acredito nas ondas que levam os dias embora, lembro das ondas que quis segurar. Procurar entender as pessoas que quero ficar longe; se é que existe alguém quem eu queira estar perto. Disseram-me que uma árvore sozinha não faz uma floresta, não sou árvore, tão pouco uma floresta. Quero ter alguém no caminho, e se o sol parar de falar comigo irei acreditar que não possuo mais nenhum brilho. As ruas se tornam indecisas, os dias parecem não existir... Às vezes me pergunto sobre a certeza e incerteza de não entender os motivos pelos quais as coisas procedem; se é que procedem por algum motivo. Apesar de estar bem, ainda busco em mim uma palavra traduzida de tudo aquilo que não entendo, busco a verdade no vôo curto das borboletas, nos dias curtos, nas noites longas, no sol que não me engrandece mais. O que será que levo comigo senão a dúvida? E a besteira de acreditar que esse sentimento passa se já era pra ter passado. Nos dias verdadeiros eu floresço, mas há momentos nesses dias que esqueço que sou flor. Mayara Cristina Pereira.

"Se você sabe explicar o que sente, não ama, pois o amor foge de todas as explicações possíveis"

Carlos Drummond de Andrade