terça-feira, 12 de outubro de 2010

Inverno de um ser 3

Tem horas que tenho a vontade de vomitar toda essa dor no papel, mesmo que faltem palavras ou risos, sei que aqui nas letras estou longe desse universo longo e triste. Queria que as brigas não fossem motivo pra eu me sentir assim, queria tua companhia nas tardes de sol pois é teu o meu pranto e aquele que está longe de mim. Conheço os seus provérbios e sei que aí queria estar, mas não me sufoque nessa distância e nem me perca deste altar. Queria te mostrar o meu suspiro em te encontrar pela manhã, por muitas vezes te neguei os meus braços ou então não pude te ter. O perdão já tenho de ti, bem mais cedo que o meu pedido, mas é claro que a faca está posta e a ferida não pode sumir. Guardo nas ações minhas lembranças e sei que a ti faço sorrir, uma coisa deixou de ensinar, que é a força pra te ver partir. Os seus desejos não deixei de lembrar e embrulhei num pedaço de mim, pelos dias vou cuidando de cumpri-los numa tarefa sem fim. Agradeço por estar aqui e me deixar te ver sempre que olho pro céu, te quero nas minhas noites chuvosas para brindar a água do meu mar. É tranqüilo o meu apelo de não perder teu cheiro, nem o gosto de te amar.

Mayara Cristina Pereira, 12 de outubro de 2010


domingo, 26 de setembro de 2010

O que sabes o amante do seu amor?

Toda noite fico tentando compreender de onde nasceu um sentimento tão bonito que une necessidade e vontade de te ter por perto por toda uma vida ou mais.
É esse sentimento que chamo de amor e me embaralho quando tento traduzir em palavras pra você. Dizer te amo é pequeno demais quando se compara com as dimensãos dessa beleza que tomou conta dos meus pensamentos e ações.
Os dias amanheceram mais vivos e eu mais remota em encontrar-te com um sorriso que te permitisse entender que não sorriria se não estivesse contigo.
As tardes permaneciam agitadas no desejo de aproveitar cada segundo com momentos singelos e meigos que durassem e marcassem para a eternidade.
Nem tudo é como a gente quer, prova disso é ter que passar tanto tempo longe do seu colo... Não que seja tanto tempo assim, mas no âmbito amoroso posso afirmar que é. Planos e ideologias deixaram de ser gerais e passaram a aderir seu nome e sua imagem.
Ainda imcompletos remetem em duas propriedades do tempo: que esse passe rápido e concretize nossos sonhos e também demore a passar para que aproveitemos ao máximo cada momento.
Surgem flores e cactos a serem colhidos pelo caminho, o que se pode esperar de uma história de amor. Dessas flores eu guardo o perfume na memória e as pétalas no coração, dos cactos eu excluo os espinhos e reconheço no verde a felicidade da reconciliação.
Que esse interesse comum permaneça na vitória de um amor que deve durar forte e admirado pelo mundo. E que em nossas histórias existam mais jardins do que desertos. E que as noites sejam mais curtas e menos tristes e que os dias sejam mais longos e felizes.

Mayara Cristina Pereira, 26 de setembro de 2010.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Calafrio

Tranquilidade ao fim de um dia que não acaba. Passam as horas e passam também os pensamentos. A confusão se constrói em cólera e algo que pulsa por dentro ferve os meus olhos quentes que recitam a dor e a dúvida. Que faço com essa vontade decorada de não me deixar desligar de ti? Remexo tudo que é saudade buscando a solução. Quero nos meus braços o seu perfume, o seu espelho, quero te tomar como meu, todos os dias. Mas se fosse simples assim, dispensaria as lágrimas ao lembrar ele. Me engano, me escondo, te quero e te tenho nos meus sonhos todas as noites.

Não te conheço como meu amigo, mesmo que tenha assumido esse papel. Mas, inocente, de tudo aquilo que já vivemos esse cargo não te serve. O seu cargo é o meu desejo, é a minha fome de sentimento e até daquela saudade gostosa que sentíamos ao cair da noite. Muita das coisas não traduziria aqui, já que são puras e delicadas ao ponto de não redigi-las em palavras. Basta olhar em meus olhos e entenderia. Deve ser por isso que não me disponho em te encarar assim.

Os dias se tornam mais longos e as noites mais triste. Me contorço em uma estranha gelada bordada com verde e terra; quais eram mesmo os meus desejos? Me submeto ao declive das tardes que agora passo sozinha.

Não quero mais me entregar a ti e caminhar em um labirinto não direcionado, me tornar prisioneira livre daquilo que chamam de amor e até hoje procuro entender. Lembrar seu nome desperta um sorriso bom... Seria mais fácil viver só de lembranças, não é mesmo? Guardo teu caminho certo e teus dizeres sábios, guardo de coração aberto cada parcela desse ar que me tornou amante da vida.

"E sono strani amori che fanno crescere e sorridere fra le lacrime" (Renato Russo- Strani Amori)

Mayara Cristina Pereira 29/07/2010


domingo, 18 de julho de 2010

Deixe de conversa!

Nada faz sentido quando me remeto aos seus olhos. Aquela tarde na calçada eu fingi que não te via, porque se tocasse realmente suas pupilas levaria horas para me refazer. Não quero ser indelicada quando trato desse assunto, mas você é realmente algo difícil de traduzir. Isso não quer dizer que seja ruim, pelo contrário, te acho belo até de mais e talvez esse seja o motivo pelo qual hesito tanto. Olha, vamos com calma, ok? Que tal um café?

Preciso te conhecer melhor antes de... Bem, você sabe. E nem pense em me encarar dessa maneira, pois não vai funcionar, não mesmo. E nem me olhe confuso, sei que pareço maluca às vezes, mas se você estivesse na minha posição tenho certeza que também pareceria. Quando penso em te olhar sinto um suor frio nas mãos, meus olhos se aquecem em uma busca calculada, e acho que as formigas no meu corpo dispensam descrição.


Tem certeza que isso é café? Senti uma tontura agora. Mas enfim, onde estávamos? Bem, quando te conheci tive medo de desviar o olhar, parece até que você estava me segurando com as mãos sem nem ter tocado em mim. Foi difícil no início, mas vou te confessar que a segunda feira se tornou um vício. Mal esperava para trombar de novo no seu olhar, posso até não ter pinta de romântica, mas não parei de pensar nisso um minuto.


Contava as letras antes de dizer qualquer palavra, não queria estragar tudo e sei que estive perto de fazer isso. Sempre fui péssima para conversas, mas até que nessa me sai bem. “Um sorriso incomparável e um gesto tímido poderiam resolver tudo”, pensei comigo. Acho que não. “Peça um chopp!”. Isso sim pode resolver. Mas, mudando de assunto, pode me dizer qual é a cor deles?


O quê? Não estou brincando, não sei mesmo a cor dos seus olhos. Apesar de ter admirado cada cílio em suas particularidades, não me recordo da cor. Eram tão profundos, puros, concretos que não vi cor alguma. Tinha forma, brilho e suspense, mas cor? Deixe me ver, não me lembro de nada, nadinha. E então, verdes ou castanhos?


Talvez prefira escuros, mas até que com essa camiseta os verdes cairiam bem. Você não tem cara de quem tem olhos claros, acho que por causa do bigode ou do cabelo. Aposto no castanho. Diga-me se errei! Mas não precisa virar-se, acho cedo demais para nos olharmos assim tão de perto. Tenho medo de não resistir. Sei que é isso que pretende, mas não se agite ok?


Estava pensando e acho que agora que nos conhecemos melhor posso sentar na mesma mesa que você, o que acha? Espero não ter te deixado impaciente, é que gosto mesmo de ser cautelosa, entende? Não vejo nenhum mal. Mas permaneça de costas, não quero correr o risco de me embriagar novamente. Pode puxar um assunto se quiser, que tal futebol? Tenho visto que fala pouco, algum problema? Ei, espera, onde você vai?


Mayara Cristina, 18/julho/2010

sábado, 12 de junho de 2010

Inverno de um ser 2

Quem pôde, então, fazer-se flor, se não àquele que já flor foi? As cores definham com o tempo e as flores que um dia foram luz, mudam de plano. O fato é dizer que não existe uma fase boa quando se trata de um inverno em um ano par, queria não me surpreender com isso. As flores no inverno morrem e a vida passa a ser bem mais difícil. Talvez a culpa não seja do inverno, bem menos das flores. A culpa na verdade não existe, há apenas aqueles que não esquecem o perfume da flor e se torturam na atividade de tentar reproduzi-lo em cada folha que encontram no caminho.

Pois que ironia uso eu em evocar flores do inverno, já que elas são imaginárias durante esse período. O problema é certificar-se que o inverno não acaba às vezes. As noites são frias mesmo no verão e não se pode mais entender porque o sol teima em desaparecer quando eu mais preciso dele. Chocolates e cozidos me recordam os seus efeitos, os quais ainda escalam dentro de mim; aquela tal coisa que chamam de saudade e eu ainda não entendi.


Mayara Cristina Pereira, 12/06/2010

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Bom seria se eu fosse um riacho

Liberto é aquele riacho, que remove tudo o que pretende. Carrega consigo mil e seis palavras, que divide em cada terra que percorre. Quando retorna, se transtorna, e passa acariciando as suas margens. É tão teu o teu caminho que mal sabes como segui-lo, se converge de um lado ao outro e exprime todos seus defeitos. Bem sabe ele o que quer. Ora, se faz tranqüilo, ora, quer brincar.

Além do mais é nele que está o segredo do céu, que se reflete todos os dias em águas nunca iguais. Tem ritmo, tem força e tem céu. Que mais queres riacho vazio? Quer flores para te navegar? Bom seria se eu fosse um riacho, e levasse pra longe tudo que não quero mais ter, me cobrisse de flores e suportasse o peso do céu.

Mayara Cristina Pereira 14/maio/2010

terça-feira, 11 de maio de 2010

O inverno de um ser

Saudai-vos os que amam, porque estes vivem. Vivem na esperança da eternidade e na certeza das árvores que frutificam e adormecem.
Os pensamentos imorais dos caminhos que perdem o sentido a todo inverno, hoje são sujos, calados e secos. Assim como, o sentido das folhas mortas e caladas de uma árvore, que por si viraram terra. A nós também está imposta a terra? Sim, é o solo daqueles que perdem e choram... Esperança frustrada e indeterminada. A explicação está nos olhos de quem sofre, não por uma dor e nem pela morte e sim pela vida, pelo amor. Os céus também choram, choram pela terra desumana e humana que perpetuam aqui. E se equilibra, assim como estamos equilibrados... Ou não. Pudera eu ser fria e fugir dos combates acompanhada. Pudera eu me embriagar de cólera em todas as tardes que me lembrar de ti. Já que o nosso ser é amar... E que nunca morra a jazidas de amor. Chocados pela paz, nunca foi tão tarde te ver sorrir; E a percepção que tenho é que estarei só, como já estou. Mas não completamente... Me apoiarei no mais Forte, me segurarei na saudade adiantada, forjada, reprimida dentro de tua coméia. Tão bela és tu flor de inverno, a tal qual me traz a dor. Quem dera eu pudesse ter-te em todas as estações. Sinto que não virás no próximo inverno, sinto que ficarás a flutuar... Ó bela flor, esteja conosco decifrando seu perfume sortido? Quem dera eu pudesse te confortar no meu abraço. És como a vida que não percorre mais, és como o cajado que me protege de todos os males. Ficarei aqui, à espera do beijo, procurando nos ares a vontade de estar. Ficarei aqui, perto daqueles que te amam, pois os caminhos virão a ser luz um dia.
Em memória de minha avó.

Não sei porque você se foi/Quantas saudades eu senti/E de tristezas vou viver/E aquele adeus não pude dar.../Você marcou na minha vida/Viveu, morreu/Na minha história/Chego a ter medo do futuro/E da solidão/Que em minha porta bate.../Eu corro, fujo desta sombra/Em sonho vejo este passado/E na parede do meu quarto/Ainda está o seu retrato/
Não quero ver prá não lembrar/Pensei até em me mudar/Lugar qualquer que não exista/O pensamento em você... (Tim Maia)

"Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 14.6)

sexta-feira, 12 de março de 2010

Fugir

Fingir que está tudo bem, arriscar na mesma falsidade que mantive comigo esses anos. Não que não esteja feliz, mas meu sorriso ainda engana a quem não desvenda meus medos. A verdade é que me prendo em uma solidão criada, sem propósito, sem vontade; acredito em não acreditar em ninguém, acredito nas ondas que levam os dias embora, lembro das ondas que quis segurar. Procurar entender as pessoas que quero ficar longe; se é que existe alguém quem eu queira estar perto. Disseram-me que uma árvore sozinha não faz uma floresta, não sou árvore, tão pouco uma floresta. Quero ter alguém no caminho, e se o sol parar de falar comigo irei acreditar que não possuo mais nenhum brilho. As ruas se tornam indecisas, os dias parecem não existir... Às vezes me pergunto sobre a certeza e incerteza de não entender os motivos pelos quais as coisas procedem; se é que procedem por algum motivo. Apesar de estar bem, ainda busco em mim uma palavra traduzida de tudo aquilo que não entendo, busco a verdade no vôo curto das borboletas, nos dias curtos, nas noites longas, no sol que não me engrandece mais. O que será que levo comigo senão a dúvida? E a besteira de acreditar que esse sentimento passa se já era pra ter passado. Nos dias verdadeiros eu floresço, mas há momentos nesses dias que esqueço que sou flor. Mayara Cristina Pereira.

"Se você sabe explicar o que sente, não ama, pois o amor foge de todas as explicações possíveis"

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Ininteligível

Que a vida traga pro dia o que for conveniente, e que o conveniente traga para a vida, o dia. Como pássaros que gorjeiam a cidade, o esgoto que escorre quente pelo asfalto, a pobre senhora que entra e sai da igreja, as bolas batidas e rebatidas no pé do menino, as nuvens carregadas no fim da tarde.. todos sorriem, apesar do surto paulista, todos sorriem.


Noites

“Não sentia medo, nem coragem, apenas não conseguia ir em frente”. O rio estava bravo e as margens já não existiam, uma vez que foram tomadas pela água do rio ilimitado. O vento tomava força e me tonteava em um caminho sem rumo. Já não sabia que horas eram e nem para onde iria.

“Toda verdade incerta de seres criados na mentira”. Não tinha certeza do motivo para ter saído de casa, só me lembrava que estava triste. Uma tristeza parasita que escalava meu corpo e mantinham meus olhos lacrimejantes. Parecia que nada voltaria ao normal e eu sentia saudades do que nunca aconteceu, e não aconteceria.

“Emparedada, desprezada e cheia de dúvidas”. Mesmo sem motivo lutava contra o vento para seguir meu caminho. Ele me barrava, me empurrava e estando atordoada, quase caí. Por pouco não desisti de seguir, foi quando minhas lágrimas se confundiram aos primeiros pingos de chuva. Corri esquecida dos freios, como se fugisse de todo mal. Sem saber que era este que andava ao meu lado, o tempo todo.

“A procura árdua da cura para solidão”. A noite que caía chateada, sem manter nenhum sentimento de dó. Meus cabelos molhados cobriam os olhos numa tentativa de carinho e escorregavam frios como todo o resto. Ouvi um barulho e ao olhar para trás percebia que havia deixado cair minha razão. Já me dissimulava por entre troncos e pedra e achava que se corresse encontraria alguém.

“Já podia sentir medo, abandonara a coragem há tempos”. Bem como os caminhos quietos, me pus em um canto sozinha, abraçada a mim mesma. A esperança se colocou de costas e ria tímida sem me dar respostas. Pensava em todos e em tudo sem pensar em nada, apenas na espera tola de um encontro em breve. Almejava tanto agora buscar os problemas, dos quais quis fugir. E as pessoas más que tentei mudar. Livrai-me! Livra-me! Me leve de volta ao mundo avesso, às pessoas falsas e cheias de facas. Me leve de volta a mim!

Mayara Cristina Pereira 03/10/2009